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sábado, 21 de março de 2009

Águas subterranêas. É preciso ter sede para conhecê-la e preservá-la.

Amanhã (22/03) , Dia Mundial de Água Doce. Compartilho com os amigos internautas, uma reportagem que minha amiga jornalista Michele Nakazato e eu fizemos no ano passado, mas que continua atualíssima. Espero que gostem e comentem. Afinal de contas, a água nossa de cada dia pode não mais matar nossa sede, por sua cada vez mais próxima escassez.

A água nossa de cada dia


Vivemos sob uma das maiores reservas de águas subterrâneas


Por André Messias e Michele Nakazato






Nos dias de muito calor, daquele sol escaldante do verão das regiões dos trópicos, nada mais bem vindo do que uma água bem gelada, ou quem sabe se refrescar num banho gostoso. Mas de onde vem essa água destinada para nossas necessidades vitais de higiene e alimentação? Você sabe?



Apesar de ser um recurso renovável, a água potável é finita, ao contrário do que muitos pensam. Esse bem precioso se renova através do conhecido ciclo: evaporação, nuvem e chuva, mas a ação do homem e a conseqüente poluição dos rios, lagos e dos mananciais deixam a água imprópria para o consumo humano. Para que isso não ocorra exige uma administração inteligente por parte das autoridades e conscientização da população.


Ciclo da água


Bom, felizmente nós brasileiros, possuímos 16% da água potável do planeta. É isso mesmo. E mais. Você sabia que pode estar em cima de um dos maiores aqüíferos do mundo? Pois é, o Aqüífero Guarani só perde para o Aqüífero Arenito Níbia, que fica na Líbia no Egito, Chad e Sudão.

No Brasil, o Aqüífero Guarani está presente em oito estados brasileiros: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ainda está presente em três países que fazem fronteira com o Brasil: Paraguai, Argentina e Uruguai. Em Mato Grosso do Sul o aqüífero tem grande parte, 25% dos 59% de área total.


Regiões da América do Sul onde está localizados o Aqüífero Guarani


Bom, mas vamos entender melhor, o que é o Aqüífero Guarani. O geólogo Antonio Carlos Benatte Valente, especialista em perfuração de poços da Sanesul (Empresa de Saneamento de Mato Grosso do Sul), explica que o "Aqüífero Guarani é uma rocha sedimentar arenosa de ganometria fina constituída essencialmente de grãos quartzo". Segundo ele, isso ocorre em função das características da região que possui duas formações rochosas distintas que englobam o Aqüífero Guarani. A primeira camada recebe o nome formação Botucatu, e mais embaixo dela, formação pirambóia. As chuvas são armazenadas nos aqüíferos através das recargas. De acordo com Valente, o nome Guarani, "foi em homenagem as tribos indígenas que habitam nos quatro países em que o aqüífero está presente".






Aqüífero Guarani é composto por rocha sedimentar arenosa de ganometria fina constituída essencialmente de grãos quartzo




Mas você deve estar se perguntando o que o aqüífero, especificamente, o que o aqüífero tem a ver com a nossa vida. Pois bem, tem tudo a ver, principalmente por que as águas oriundas destes mananciais subterrâneos já estão abastecendo a população. Você inclusive, já deve estar tomando ou usando das águas do Aqüífero Guarani.

Na capital , já há doze poços perfurados pela empresa de saneamento Águas Guariboba S.A. que estão espalhados pela cidade e que captam o líquido do Aqüífero, sem falar que empresas de Campo Grande, também utilizam das águas subterrâneas.






Explotação: Poço do bairro Dom Antônio, em Campo Grande-MS. A produção total dos poços em Campo Grande é cerca de 30.000 m³ por dia.




Uma das grandes vantagens e também uma das maiores preocupações, principalmente de ambientalistas, é a exploração ou melhor explotação, das águas do aqüífero. Explicando melhor, no caso do aqüífero, o termo explotação se refere a extração de recursos naturais com o uso de máquinas, neste caso, os poços que são perfurados para extrair as águas subterrâneas.

O temor dos ambientalistas é quanto ao risco de contaminação e também da explotação desses mananciais subterrâneos em grande quantidade sem um controle. O professor, geólogo e pesquisador da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Jean Carlos Lastória adverte que " Há uma diferença entre fazer um captação superficial e uma subterrânea. O grande problema é a proximidade entres os poços perfurados. Muitas vezes se tem poços muito próximos um do outro, ocasionando um rebaixamento muito acentuado."

O professor Lastória ainda avalia a falta de controle quanto ao gerenciamento e até mesmo de leis que regulem a perfuração de poços no estado "
Não tem legislação específica, apesar de ter uma lei estadual, ela é questionada. Não há nenhum instrumento que proíba a perfuração de poços. Só há a determinação de um processo de licenciamento. Quando é particular ou na área rural, não há fiscalização. Não há dados ou levantamentos. A ANA (Agência Nacional de Águas) estima em 10 000 poços perfurados no estado, mas só há 1000 cadastrados", observa Lastória.




Portanto, cabe a todos preservar este manancial enquanto é tempo, com políticas públicas capazes de controlar e fiscalizar toda a exploração desse bem finito, que num futuro próximo, será o tão cobiçado petróleo. Pense bem antes de desperdiçar a água nossa de cada dia, a gente nunca sabe quando ela irá acabar.∑


Saiba mais: Portal de informações do aqüífero guarani; http://www.sg-guarani.org/ , Agência Nacional de águas http://www.ana.gov.br/ . e http://www.midiaindependente.org/.

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